segunda-feira, agosto 13, 2012

A leveza dos abismos de fim do mundo [#prosa]

Parece que voamos sem tirar os pés do chão. Levitamos. Na magia da mente somos Mr. Vertigo a librar sob o horizonte que vemos. Cheira a vento, há nuvens acanhadas, sussurros da espuma tímida que se dilui em areia sábia, remota. Já alguém terá voado? Quantos terão migrado rumo a uma estrada etérea até ao sol infindo? Tens rugas e texturas novas. São as paisagens que nos retiram fôlego. São os lugares que nos encantam, e num pincelar de imposições nos hipnotizam, frente-a-frente, rasgando um pôr-do-sol que nos balança o final do dia. Aquelas rochas, aquelas falésias, aqueles penedos, aquelas falhas de pedras no meio do mar, no meio do Atlântico, mal ele finda na praia, mal ele começa para perder-se numa imensidão marítima que entorpece de paixão marinheiros, mariscadores, amantes que se casam com ele às escondidas. Se perdem, perecem, findam. Não me sentei como gostaria frente a ti. Frui-te frugalmente num registo fotográfico. Agora ouço a paz que ali se ecoava. Agora ouço a magia entorpecente. O hipnotismo possível. Um miradouro que é um abismo. Uma magnânime expressão da natureza. Um fim de mundo, porque é também onde principia. E a natureza tem milhões de princípios. 

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