domingo, maio 01, 2011

bolsa, carteira, mala, saco, sacola. Nós, gajas, chamamos-lhe kit de sobrevivência

Desperta curiosidade masculina, dúvidas, incompreensão, críticas, risinhos ridículos, chacotas copiosas, profícuas conversas, desentendimentos, brigas ferozes entre ele e ela. 

A mala de uma mulher é o mais intrigante e incompreendido mistério pelo universo masculino. 

Com certeza muito se há-de, já, ter escrito sobre o assunto. 

Imagino academias reputadas de estudos psicológicos, antropológicos, sociais, históricos, neurológicos, and so on, a dissertar sobre o objecto de culto feminino. Senhoras e senhoras: A CARTEIRA. 

Sim, ela tem quase tudo e, confessamos, perdemo-nos, muitas vezes , à procura, sobretudo do telemóvel, embora a maioria das malas venham hoje já equipadas com uma bolsa exclusiva para o senhor telecomunicação.

Por que precisamos de tantos pormenores dentro dela? Não sei, categoricamente, avançar uma explicação, mas temos uma necessidade de nos sentirmos em casa, onde quer que pousemos. O dia é um acontecimento e sabe-se lá onde poderemos acabar a noite, ou a manhã. 

Mas mais do que isso, no meu caso, há que ter que ver com a itinerância; melhor: a necessidade do dia-a-dia. E, nos últimos anos, tenho sido um estudo de caso de itinerância. 

Nasci com as fraldas a dizer nómada, embora precise de me sentir em casa todos os dias, onde quer que vá. Habito, diariamente, um pedaço dos transportes públicos e, por isso, a necessidade de ter tudo o que preciso é gigante!

Depois, advém da óbvia fisiologia feminina.

Ocorre-me isto, porque há objectos diários dos quais não me consigo separar, como extensão de mim, da fisiologia feminina. 

Há até secções de revistas destinadas a desvendar o que mulheres famosas carregam nas malas: de canivetes, a perfumes caros, de cremes para várias partes do corpo, a thermos com chá verde; lanternas, preservativos, meias, pares de cuecas, amuletos da sorte...

Cada uma há-de ter um hemisfério pessoal.

O meu é feito de caderno de apontamentos, 2 canetas, necessáire (sem perfumes caros), telemóvel, mp3, creme de mãos, pastilhas de enjoo naturais, chicletes, vitaminas diárias e centelha asiática, livro de bolso, óculos de sol, bálsamo de lábios, auscultadores, Andante, gel anti-séptico, docs, isqueiro e recibos.

Sem glamour, portanto, este meu kit de sobrevivência,  mas como hão-de perceber, sinto-me pronta para enfrentar a selva amazónica com ele. (E o andante sempre servirá para espantar mosquitos!)

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