terça-feira, fevereiro 22, 2011

sonhos, o dia seguinte

Numa paragem de autocarro, uma velha agarra a minha melhor amiga e pede-lhe para a acompanhar a casa. Como? A casa. Já ali ao dobrar da esquina. Depois do firmamento, do muro maior, das doze casas, do relógio, da praça. Haveria um fundamento qualquer para a imposição, mas não me recordo. A minha melhor amiga hesita. Eu não a deixo ir. A velha ensaia bater-me. Acompanho-as a contragosto da outra e digo que sou irmã dela. Ah, bom assim, pode ser. 
Ela quer que durmamos lá. Quer companhia, mas o cheiro dos móveis incomoda-me. Quando me apercebo a melhor amiga desapareceu e eu estou cativa dentro daquela casa. Atendo a campaínha. Crianças num autocarro. Crianças bolivianas num autocarro e uma carta para mim. Não há nome. Porque soube que era para mim? Um velho entra, depois, ca casa, não me reconhece e não sabe o que ali faço. Marido, amante, irmão, um velho. O que seria ele para aquela mulher? Dormem em quartos separados. Ex-casados que decidem partilhar a mesma casa, apesar do amor se ter ido. Ficou caduco, e foi-se. Talvez cativar o novo para reviver uma vida que não queremos que se vá. Ela só quer companhia. Fim. 

Sem comentários: