sexta-feira, dezembro 05, 2008

Entregou à hora certa. Sem atrasos, preguiças ou desculpas que justificassem um lento chegar do corpo ao tempo. E ainda as acácias não tinham acordado. Cheirava a café passado no filtro, sem dor. E ainda não tinham colocado açúcar para aquela madrugada. Calcorreou pelo meio da rua, como não podia fazê-lo à hora infernal da dança dos carros e da sinfonia das buzinas e dores humanas. Pôs-se em bicos de pé para se equilibrar na linha amarela que dividia um e outro sentido da rua. Quase escorregara com a humidade da manhã que acorda contrariada. Equilibrou-se. Dobrou os joelhos para apertar o cordão da bota velha. Caiu. Molhou a entrega. Rasgou! Gelou de medo. Levantou-se. Dobrou-a! E deixou um pedaço de si, na boca daquele correio. E saiu, com os olhos humecidos da manhã que começava sem açúcar!

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